sábado, 7 de novembro de 2009

O catador de feijões

Dia desses, após um almoço em família, conversávamos animados quando enveredei por casos acontecidos comigo durante o serviço militar, o que faz muito tempo, pois servi em 1971. Eram casos muito engraçados e que causavam perplexidade principalmente a meus filhos.

Entre risadas e espanto, conduzi minha narrativa até o momento em que comentei sobre um major que dividia os soldados em três grupos: o primeiro grupo, por exemplo, plantava grama no campo de futebol, o outro grupo arrancava toda a grama plantada pela equipe anterior e finalmente a terceira equipe fazia o plantio em definitivo.

Todos ficaram de olhos arregalados com o exemplo de abuso de autoridade e atitude desnecessária e deseducativa. A indignação foi geral e os comentários giravam em torno das mudanças ocorridas no exército, em especial no serviço militar.

A moçada ainda remoia o caso indignada, quando minha esposa se lembrou de outro episódio de minha infância e que havia sido muito pior:

Minha mãe quando precisava sair de casa, para que eu não fosse prá rua brincar, e fazer minhas peraltices, misturava numa bacia grande quantidade de feijões (de tipos e cores diferentes), com vários grãos de milho. A ordem era que eu catasse os grãos, separando cada tipo: feijão e milho. No início eu ficava horas e horas lamentando aquele trabalho desnecessário e humilhante.

Meus filhos ficaram em pé de guerra e partiram prá cima de minha mãe que também almoçava conosco, querendo saber se minha história era verdadeira:

--- Vó! Isso é verdade? Você fazia isso com nosso pai? Não acreditamos...

Para surpresa de todos, minha mãe respondeu calmamente:

--- Claro que é verdade! Eu tinha que sair de casa e aquela era a forma de assegurar que ele não sairia prá rua para fazer bagunça com os amigos. Fiz e não me arrependo, faria de novo se fosse preciso!

Diante de argumentos tão convincentes, todos percebemos que minha mãe e o major tinham muito em comum. E que de nada adiantaria condená-los, pois ambos pensavam que faziam o certo à época.

O que minha mãe não sabia é que lá pela terceira vez em diante, eu chamava meus amigos prá ajudar-me na catação de feijões e num piscar de olhos estava tudo pronto; assim podíamos sair para brincar. Desta forma eu me tornei o melhor e mais rápido catador de feijões de minha família... Grande coisa....

Aprendi com esse episódio, que ninguém está totalmente certo e ninguém está totalmente errado. Quando as pessoas agem conforme suas convicções e aprendizado (minha avó fazia a mesma coisa com minha mãe), mas com a intensão de acertar, não podem ser condenadas e muito menos julgadas.

Minha mãe fez comigo coisas que na época me revoltaram e que ainda hoje deixam as pessoas indignadas, mas ela, dentro de suas possibilidades e com os seus parcos conhecimentos, fez por mim e por meus irmãos, coisas maravilhosas.

Grande abraço mãe, do seu filho catador de feijões...

Perdoe a todos que de alguma forma erraram com você na tentativa de acertar, mesmo que na época tenham lhe magoado. Somos, na maioria das vezes, frutos do meio em que vivemos.


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Obs.

Neste post de hoje, gostaria de fazer um agradecimento carinhoso a todos os amigos que me acompanharam durante o ano, acessando e lendo cada matéria. Parafraseando o Zina (aquele do Pânico na TV), gostaria de mandar um SALVE para todos, em especial para as seguintes cidades brasileiras e também para alguns países:

Cidades:

São Paulo, Rio de Janeiro, Uberlândia, Salvador, Dourados, Campinas, Blumenau, Recife, Apucarana, Curitiba, Cascavel, Brasília, Cuiabá, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Joinville, Patrocínio, Osasco, Goiânia, Fortaleza, Niterói, Uberaba e muitas outras.

Países:

Portugal, EUA, Senegal, Panamá, Chile, Canadá, Nova Zelândia, Espanha, Suiça, Suécia, Japão e Coréia.

Por favor, fiquem à vontade, façam seus comentários. Aceito sugestões. Caso queiram, usem meu e-mail. Estou à disposição para trocarmos idéias sobre técnicas de vendas, motivação e outros assuntos pertinentes.

e-mail: luizarantes@treinamix.com.br

Grande abraço do Luiz Arantes.

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