quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O cachorrinho manco

Numa loja que vendia pequenos animais, um garoto perguntava o preço de alguns filhotes; para cada pergunta o vendedor respondia: R$ 100,00 este, R$ 200,00 aquele, R$ 150,00 este outro...
O garoto, pesquisando seus bolsos conseguiu ajuntar todo dinheiro que possuia e disse ao vendedor:

--- Não vai dar, só tenho R$ 12,00.... mas, posso ficar olhando os cachorrinhos?

Pode, respondeu o homem e gritou lá pro fundo da loja:

--- Luna, venha cá...

Para alegria do garoto, apareceu uma cadela com sete lindos filhotes acompanhando-a na maior agitação, pulando, latindo e brincando uns com os outros, menos um que vinha mais atrás e que visivelmente mancava de uma das patinhas.

Imediatamente o garoto apontou para o filhotinho e perguntou:

--- O que há com ele? Por que ele está mancando?

O vendedor explicou que o veterinário o havia examinado e descoberto que ele tinha uma deficiência e que andaria sempre devagar e mancaria de uma das patas. O menino se animou e disse:

--- Esse é o cachorrinho que eu quero comprar!

O vendedor após consultar o proprietário da loja, respondeu:

--- Não podemos lhe vender esse cachorrinho, mas poderemos dá-lo de presente a você.

Revoltado o menino respondeu:

--- Eu não o quero de graça, ele vale tanto quanto os outros filhotes e eu quero pagar todo o valor dele. Darei R$ 12,00 agora e R$ 5,00 todos os meses até pagar tudo.

--- Não acredito que você queira comprar esse cachorrinho, ele nunca poderá correr, pular e brincar com você e com outras crianças...

Então o garotinho se abaixou um pouco, puxou a perna esquerda da calça e deixou à mostra um aparelho que o ajudava andar e disse ao vendedor:

--- Eu também não posso correr muito... o cachorrinho precisará de alguém que entenda isso. Vou levá-lo para casa agora mesmo, nós precisamos um do outro.


Amigos,

Uma bela história e que nos conduz a algumas reflexões. Poderíamos iniciar dizendo que para cada pé há um chinelinho, que aquilo que muitas pessoas descartam pode ser maravilhoso para outras; poderíamos dizer que o amor (até pelos animais) extrapola as dimensões físicas, que a alegria de viver não está apenas na correria, mas sim em sabermos apreciar a paisagem.

Mas eu gostaria de propor uma outra reflexão, em especial para os ambientes corporativos: em muitos casos, as deficiências e os obstáculos que encontramos são imaginários e servem de desculpas para andarmos mais devagar e até mancarmos ou arrastarmos um pouco a perna. Para muitas pessoas é confortável ter uma desculpa para produzir menos, ou até mesmo para nada produzir. Usamos muitos tipos de muletas para encobrir nossas verdadeiras deficiências.

As pessoas com algum tipo real de deficiência, acabam desenvolvendo outras aptidões para compensá-la. O grande obstáculo da vida, é a deficiência que colocamos em nossas cabeças e que povoam nossos pensamentos, nos impedindo de agir e de sermos felizes.


Pensemos nisto...

Com abraços,
Luiz Arantes.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O vendedor de balões

Havia um homem que vivia da venda de balões com gás. Vendia-os em toda parte: em quermesses, nas portas de escolas, em praças públicas e em todos os lugares em que houvesse clientes, especialmente muitas crianças.

Certo dia, em que trabalhava em uma quermesse vendendo seus balões famosos, para chamar a atenção das crianças, soltou um balão vermelho, o qual se elevou aos céus atraindo a atenção dos presentes.

Ele era um ótimo vendedor, com a estratégia reuniu uma multidão de curiosos e de possíveis compradores. Vendeu muitos balões em muito pouco tempo. As crinças ficavam felizes com os balões que insistiam em voar, mesmo presos a seus braços.

Pertinho do vendedor, sentado e observando tudo com atenção, estava um menino negro que também ganhara seu precioso balão. A cada vez que o homem soltava um balão para chamar a atenção das pessoas, mudava a cor do mesmo; soltou um azul, um amarelo e finalmente um branco.

Todos os balões subiam até sumirem de vista, numa bela dança com a brisa. O menino, de olhar atento, acompanhava cada balão em sua subida magistral. Mas uma coisa começou a incomodar o menino: o vendedor não soltava um balão preto que estava amarrado num suporte. Então, se aproximou do vendedor e perguntou:

--- Moço, se soltar o preto ele também subirá tanto quanto os outros?

O vendedor de balões sorriu para o menino de forma compreensiva, arrebentou a linha que prendia o balão preto e enquanto ele se elevava nos ares diante dos dois, respondeu ao garoto:

--- Não é a cor, filho, é o que está dentro dele que o faz subir...


Meus amigos,


esta pequena história atribuída a Anthony de Mello, chamou-me a atenção por sua bela lição de vida e pela simplicidade da mesma.

Não é o exterior de cada pessoa que lhe assegura a condição de se elevar acima de todos e dos obstáculos da própria vida; mas sim, o que está dentro de cada qual; tais como as virtudes e as atitudes em persistir, em lutar, em inovar e em ajudar.

Em muitos casos, só nos preocupamos com nossa aparência, com nossa cor, quando na verdade tais coisas não passam de acessórios; o verdadeiro valor é o que está dentro de nós.

Com abraços e votos de sucessos,
Luiz Arantes.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O apagão humano

Há algum tempo tenho me preocupado com a quantidade de apagões que assolam nosso país. São muitos os tipos de apagões, pelo menos os mais conhecidos: apagão moral, apagão ético, apagão profissional, apagão espiritual, apagão educacional, apagão social; e ainda existe um que tem preocupado um pouquinho as nossas autoridades que é o apagão de energia elétrica. Mas antes de falar destes tsunamis, gostaria de relembrar, de forma resumida, uma história que acalentou minha infância: A roupa invisível do rei, de autoria de Hans Christian Andersen, que ajudará em nossa reflexão:
Havia um rei muito vaidoso, em especial com roupas; gastava seu tempo e dinheiro quase exclusivamente com elas. Sua fama correu outros mundos e um dia apareceram em seu palácio dois malandros (impressionante como até hoje quase todo rei sofre de vaidade crônica e tem uma grande facilidade de atrair malandros para junto de si) se apresentando como tecelões e costureiros de renome, se oferecendo para tecer e costurar para o rei uma roupa tão especial que pareceria quase invisível e que pessoas tolas ou que ocupassem cargos imerecidamente, não conseguiriam enxergá-la em hipótese alguma (já vi isso em algum lugar).

O rei, querendo ser o primeiro a usar tal tecido (quanta diferença!), logo os contratou, pagou adiantadamente e ainda lhes entregou muitos metros de fios de seda e de ouro para tecerem a fazenda especial. Em dois teares começaram a tecer a tal fazenda maravilhosa que ninguém conseguia ver. Para não se passarem por trouxas ou para não denunciarem que exerciam cargos além de suas reais capacidades, as pessoas acabava afirmando que o tecido era lindo, bem trançado, cores muito vivas e desenho original. Até os mais altos conselheiros do monarca foram ver o tecido prodigioso e voltavam fascinados para dar a notícia ao rei. O comentário em todo reino era a nova roupa do rei e as suas características. É claro que todos queriam vê-la...

Uma grande festa com desfile real pelas principais ruas do reino foi organizada. Era importante mostrar as roupas novas do soberano e saber quem estava aquém de seus cargos. Durante o desfile as ruas e praças estavam apinhadas de curiosos; todos olhavam para o rei caminhando pelas passarelas e não viam roupa alguma, mas não querendo mostrar que eram idiotas ou que ocupavam cargos sem méritos, exclamavam:
--- Que roupa linda! Nunca vi nada igual. (ai meu Deus... já vi isso também)
Com esses comentários massageando seu ego e sua vaidade, o rei continuava seu desfile acenando e sorrindo para todos, até que uma criança em sua inocência, gritou do meio do povo:
--- O rei está pelado!

Assim, todos começaram a enxergar a verdade e também começaram a gritar:
--- O rei está pelado...

Mesmo representando um papel tão ridículo e visivelmente aborrecido com o acontecido, o rei contimuou desfilando até voltar ao palácio (também já vi muitas situações parecidas). Procurou os dois farsantes mas eles haviam ficado invisíveis; nunca mais os viu.


Muitas vezes por acreditar que algumas coisas existem, mas apenas em nossas mentes é que elas acabam nos conduzindo a verdadeiros apagões. E pior de todos os apagões, é o apagão humano. Quero exemplificar alguns casos em que por não querer ver a verdade ou por alimentar excessivamente a vaidade pessoal, acabamos criando esses apagões tão perniciosos:
  • Blindar um(a) candidato(a) ante suas responsabilidades e erros para não atrapalhar uma campanha de marketing, é a mesma coisa da roupa do rei. Atitudes assim causam apagões morais e éticos.

  • Um ministro vir a público e afirmar categórico que foi um raio que causou o apagão que afetou 18 Estados brasileiros e 01 país vizinho e ainda afirmar que o assunto está encerrado, é mais um grande apagão moral e ético.

  • Estudantes que ao invés de se prapararem para um futuro melhor preferem se esconder atrás de um tecido que os pais mandam tecer, que parece invisível, e assim constroem um apagão educacional e que no futuro se transformará em grande apagão profissional.

  • Quando nos esportes vejo tantos exemplos de corrupção e no meu time, profissionais pensando só em dinheiro e em suas carreiras meteóricas no exterior, percebo claramente um grande apagão moral e profissional. (Que exemplo...)

  • Quando os pais com a desculpa de não quererem que os filhos passem pelas experiência por que passaram, enchem-nos de mimos exegerados, brinquedos desnecessários e dinheiro fácil, estão criando apagões educacionais, morais, éticos, amorosos e existenciais.

  • Quando vivemos apenas pensando em coisas materiais, sem aprimorar nossa vida espiritual, confundindo o objetivos de nossa existência, estamos criando um apagão de fé.

  • Quando valorizamos apenas o "ter" em detrimento do SER, o apagão de valores já está instalado em nós.

  • Quantos apagões profissionais em tantas empresas! Que desespero dos empresários em encontrar profissionais qualificados! Mas, eles tem sua parcela de culpa por não contribuírem e não exigirem qualificação destes possíveis profissionais.

  • Quantas pessoas, nas empresas, passam a vida vendendo uma roupa de um profissionalismo invisível, que só eles conseguem enxergar, que só a eles é conveniente.

  • Quantos políticos, com apagões morais, tentam impor "verdades" que só eles conseguem enxergar, tentando fazer da população um bando de tolos.

  • Muitos conseguem "ver" esta roupa invisível e os apagões que elas causarão no futuro, mas preferem ficar calados para não se comprometerem e não serem confundidos com outros.

Meus amigos, desta vez creio que eu tenha exagerado um pouco, mas sinto-me bem e espero que o mesmo aconteça com vocês. Neste momento de grandes apagões, temos que analisar as roupagens que estamos vestindo, examinar nossos armários, separar tais roupas aparentemente belas, maravilhosas, porém passageiras, incompatíveis e invisíveis para uma existência melhor.

Importantíssimo rever nossas atitudes de costureiros ou de conselheiros do rei, evitando falsas verdades, falsas atitudes.

Sejamos muito felizes, com roupas lindas, porém reais e visíveis, em especial aos nossos olhos. Evitemos quaisquer tipos de apagões, usando luz de sabedoria, de responsabilidade, de comprometimento, de trabalho, de amor, de fé e de Deus.

Um abração e meus pedidos de desculpas pelo tamanho do post, mas caso contrário ele ficaria invisível, um pouco apagado...


Luiz Arantes.


sábado, 7 de novembro de 2009

O catador de feijões

Dia desses, após um almoço em família, conversávamos animados quando enveredei por casos acontecidos comigo durante o serviço militar, o que faz muito tempo, pois servi em 1971. Eram casos muito engraçados e que causavam perplexidade principalmente a meus filhos.

Entre risadas e espanto, conduzi minha narrativa até o momento em que comentei sobre um major que dividia os soldados em três grupos: o primeiro grupo, por exemplo, plantava grama no campo de futebol, o outro grupo arrancava toda a grama plantada pela equipe anterior e finalmente a terceira equipe fazia o plantio em definitivo.

Todos ficaram de olhos arregalados com o exemplo de abuso de autoridade e atitude desnecessária e deseducativa. A indignação foi geral e os comentários giravam em torno das mudanças ocorridas no exército, em especial no serviço militar.

A moçada ainda remoia o caso indignada, quando minha esposa se lembrou de outro episódio de minha infância e que havia sido muito pior:

Minha mãe quando precisava sair de casa, para que eu não fosse prá rua brincar, e fazer minhas peraltices, misturava numa bacia grande quantidade de feijões (de tipos e cores diferentes), com vários grãos de milho. A ordem era que eu catasse os grãos, separando cada tipo: feijão e milho. No início eu ficava horas e horas lamentando aquele trabalho desnecessário e humilhante.

Meus filhos ficaram em pé de guerra e partiram prá cima de minha mãe que também almoçava conosco, querendo saber se minha história era verdadeira:

--- Vó! Isso é verdade? Você fazia isso com nosso pai? Não acreditamos...

Para surpresa de todos, minha mãe respondeu calmamente:

--- Claro que é verdade! Eu tinha que sair de casa e aquela era a forma de assegurar que ele não sairia prá rua para fazer bagunça com os amigos. Fiz e não me arrependo, faria de novo se fosse preciso!

Diante de argumentos tão convincentes, todos percebemos que minha mãe e o major tinham muito em comum. E que de nada adiantaria condená-los, pois ambos pensavam que faziam o certo à época.

O que minha mãe não sabia é que lá pela terceira vez em diante, eu chamava meus amigos prá ajudar-me na catação de feijões e num piscar de olhos estava tudo pronto; assim podíamos sair para brincar. Desta forma eu me tornei o melhor e mais rápido catador de feijões de minha família... Grande coisa....

Aprendi com esse episódio, que ninguém está totalmente certo e ninguém está totalmente errado. Quando as pessoas agem conforme suas convicções e aprendizado (minha avó fazia a mesma coisa com minha mãe), mas com a intensão de acertar, não podem ser condenadas e muito menos julgadas.

Minha mãe fez comigo coisas que na época me revoltaram e que ainda hoje deixam as pessoas indignadas, mas ela, dentro de suas possibilidades e com os seus parcos conhecimentos, fez por mim e por meus irmãos, coisas maravilhosas.

Grande abraço mãe, do seu filho catador de feijões...

Perdoe a todos que de alguma forma erraram com você na tentativa de acertar, mesmo que na época tenham lhe magoado. Somos, na maioria das vezes, frutos do meio em que vivemos.


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Obs.

Neste post de hoje, gostaria de fazer um agradecimento carinhoso a todos os amigos que me acompanharam durante o ano, acessando e lendo cada matéria. Parafraseando o Zina (aquele do Pânico na TV), gostaria de mandar um SALVE para todos, em especial para as seguintes cidades brasileiras e também para alguns países:

Cidades:

São Paulo, Rio de Janeiro, Uberlândia, Salvador, Dourados, Campinas, Blumenau, Recife, Apucarana, Curitiba, Cascavel, Brasília, Cuiabá, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Joinville, Patrocínio, Osasco, Goiânia, Fortaleza, Niterói, Uberaba e muitas outras.

Países:

Portugal, EUA, Senegal, Panamá, Chile, Canadá, Nova Zelândia, Espanha, Suiça, Suécia, Japão e Coréia.

Por favor, fiquem à vontade, façam seus comentários. Aceito sugestões. Caso queiram, usem meu e-mail. Estou à disposição para trocarmos idéias sobre técnicas de vendas, motivação e outros assuntos pertinentes.

e-mail: luizarantes@treinamix.com.br

Grande abraço do Luiz Arantes.